Módulos do parcelamento urbano tradicional

Análise morfológica do parcelamento do solo urbano no Brasil do século XIX, verificando dimensões de lotes e vias por meio do redesenho da cartografia histórica ou atual.

Objetivos, problema e justificativa

Este plano de trabalho propõe uma análise morfológica dos parcelamentos urbanos empreendidos em algumas cidades brasileiras ao longo do século XIX. O objetivo geral deste trabalho é mapear e tabular os módulos dimensionais de lotes e vias adotados nas novas capitais provinciais fundadas ex novo ou por meio da reforma de tecidos urbanos preexistentes — Aracaju, Maceió, Manaus, Teresina e Belo Horizonte — bem como parcelamentos urbanos planejados no crescimento de algumas das principais capitais já estabelecidas — Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo, Belém, Porto Alegre, Curitiba e Goiás. São objetivos específicos necessários à sua consecução:

  • Inventariar, classificar, reproduzir, georreferenciar e redesenhar fontes cartográficas primárias das cidades objeto deste Plano no período estudado;
  • Analisar as dimensões dos elementos urbanísticos — lotes e vias —, propondo para cada setor urbano estudado uma normalização ideal das dimensões projetadas;
  • Tabular as dimensões normalizadas assim obtidas e confrontá-las com os módulos predominantes na urbanização tradicional luso-brasileira;
  • Confrontar os levantamentos históricos ou reconstituídos das cidades com a situação atual do parcelamento urbano, observando a resiliência dos padrões urbanísticos.

Entre o final do ciclo de fundações de vilas promovido pelo marquês de Pombal (1777) e o início do ciclo de projetos urbanos da primeira República (1895), a urbanização luso-brasileira se transforma paulatinamente. O ímpeto urbanizador do Estado central arrefece neste período, à exceção de iniciativas pontuais como Niterói (1819) e Petrópolis (1843), deixando o protagonismo para as capitais regionais — desde a expansão da Vila Boa de Goiás (1782) até as fundações de Teresina (1852) e Aracaju (1855) — e para as urbanizações de freguesias e colônias de imigrantes, sobretudo ao longo do segundo reinado. Aos princípios de ocupação do território herdados da Idade Média — a aldeia–rua e o os lotes modulares —, agrega-se a retícula que caracteriza o parcelamento planejado por glebas, ainda que frequentemente deformada com respeito ao inflexível paradigma pombalino.

Este Plano de Trabalho explora o dimensionamento e a modularidade dos parcelamentos urbanos no Brasil estabelecidos no período de 1777 a 1895, com base em plantas de época e em reconstituições a partir de levantamentos cadastrais recentes. Procura averiguar em que medida os novos tecidos urbanos constituídos neste recorte cronológico adotam os módulos dimensionais portugueses, vigentes desde a Idade Média e apenas parcialmente alterados no período pombalino: lotes de 25 por 50 palmos e ruas com 60 a 100 palmos de caixa.

Viabilidade, recursos e metodologia

Esta pesquisa será dividida em quatro partes:

  • Pesquisa, organização e metodização das documentações que se referem ao tecido urbano de Aracaju, Maceió, Manaus, Teresina, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Paulo, Belém, Porto Alegre, Curitiba e Goiás durante o século XIX, incluindo informações teóricas, históricas e cartográficas da época. A documentação a respeito dessas cidades está publicada na bibliografia ou é de fácil acesso em arquivos e órgãos públicos.

  • Identificar as dimensões de lotes e vias nas plantas coligidas, valendo-se das ferramentas de análise quantitativa do programa de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) escolhido.

  • Mapear e tabular os módulos dimensionais de lotes e vias adotados nas cidades brasileiras citadas durante todo o período estudado e coletado.

  • Comparar os levantamentos de padrões urbanísticos, examinando a evolução dos mesmos e concluir em quais parâmetros os novos tecidos urbanos prevaleceram com as dimensões portuguesas da época medieval.

Para o presente trabalho, serão utilizados principalmente o QGIS, um programa para Sistemas de Informação Geográfica, e o programa de desenho técnico AutoCAD, para mapear, padronizar e analisar os documentos geográficos. Para organizar as dimensões urbanísticas encontradas será utilizado o editor Microsoft Excel. A Universidade de Brasília possui a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da pesquisa, a começar pelos programas indicados acima, que estão instalados no Laboratório de Informática para Arquitetura e Urbanismo (LIAU).

Em caso de suspensão de atividades presenciais durante a vigência do plano de trabalho, a pesquisa prosseguirá remotamente utilizando os mesmos softwares e com a comunicação exclusivamente realizada por meios digitais, uma vez que o programa QGIS é software livre.

Bibliografia

Competências e habilidades

O aluno desenvolveu, no âmbito do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, competência técnica nos programas necessários para o desenvolvimento deste plano de trabalho, bem como a capacidade de ler e interpretar plantas urbanísticas. Possui também domínio do desenho à mão, que incrementará o potencial expressivo e interpretativo do seu trabalho. Já atuou em projeto de extensão na área de estudos da urbanização popular, demonstrando afinidade e competência na temática relevante para este plano de trabalho.

Cronograma

Mês Tarefa
01 Leituras dos materiais bibliográficos, investigação de conteúdo cartográfico existente.
02 Leituras dos materiais bibliográficos, investigação de conteúdo cartográfico existente.
03 Leituras dos materiais bibliográficos, investigação de conteúdo cartográfico existente.
04 Mapear e tabular os módulos dimensionais de lotes e vias adotados
05 Mapear e tabular os módulos dimensionais de lotes e vias das cidades no período atual.
06 Comparação e averiguação do conteúdo cartográfico
07 Comparação e averiguação do conteúdo cartográfico
08 Desenvolvimento textual: Introdução à estrutura e exposição teórica
09 Desenvolvimento Textual: apresentação das informações produzidas.
10 Desenvolvimento Textual: apresentação de resultados
11 Desenvolvimento Textual: apresentação de resultados e conclusão.
12 Revisão e formatação.