Objetivos, problema e justificativa
Este plano de trabalho propõe um apanhado da urbanização de praças de mercado tradicionais em Portugal e no Brasil numa perspetiva de longa duração, desde os terreiros de feiras na Idade Média até as vésperas da transferência dos mercados públicos para edificações modernas em finais do século XIX. A análise de algumas praças selecionadas permitirá compreender os processos de diversificação morfológica e socioeconômica dos tecidos urbanos luso-brasileiros.
Objetivo Geral
Analisar as dimensões, proporções e processo de adensamento das praças de mercado luso-brasileiras desde a Idade Média até o século XIX, incluindo suas edificações notáveis, representando-as comparativamente em classificação cronológica e tipológica.
Objetivos específicos
Identificar dez praças de mercado em Portugal e no Brasil e levantar documentação histórica, cartográfica e iconográfica sobre elas;
Desenhar plantas e cortes das praças em diferentes momentos históricos, de modo a analisar suas dimensões, proporções e configuração formal;
Identificar e documentar construções históricas importantes associadas a essas praças, tais como câmaras municipais, igrejas e chafarizes;
Classificar as praças de acordo com sua evolução histórica e tipologias morfológicas.
As praças de mercado históricas são espaços inicialmente situados à margem da mancha urbana, permitindo fácil acesso tanto de mercadorias vindas de fora, quanto dos moradores da cidade. Desde as feiras medievais como as de Guimarães, Coimbra ou Castelo de Vide (Portugal) até as suas expressões brasileiras, como em Caruaru (PE), as praças de mercado foram determinantes nos processos de crescimento e adensamento urbanos tradicionais. Tanto em cidades planejadas quanto naquelas orgânicas, a urbanização dessas praças se caracterizou pela diversidade de formas de parcelamento do solo e de edificação, bem como gerou articulações importantes para o crescimento do tecido viário.
A urbanização de feira é um aspecto pouco estudado na tradição do urbanismo de influência portuguesa. Este plano de trabalho contribuirá, portanto, com um levantamento inicial do tema em dez cidades cujas praças sejam facilmente identificáveis na bibliografia ou na cartografia. O reconhecimento desses sítios contribuirá para os objetivos mais amplos deste projeto de pesquisa, sobretudo quanto à documentação dos processos de urbanização por ordem emergente.
Viabilidade, recursos e metodologia
Esta pesquisa será dividida em quatro partes:
Selecionar dez cidades portuguesas e brasileiras e localizar suas bases cartográficas e geoportais, bem como documentos de arquivo disponíveis referentes às suas praças de mercado.
Com base na bibliografia e em cartografia de arquivo, desenhar cada praça de mercado no seu contexto urbano e nos períodos históricos mais significativos, representando-a em planta e cortes.
Identificar as principais construções cívicas adjacentes às praças, estabelecendo suas relações históricas, morfológicas e funcionais com o espaço público.
Analisar as praças de modo a estabelecer classificações comparativas entre elas, tomando como base a sua morfologia — dimensões, proporções, geometria e padrão de parcelamento do solo —, relação com a arquitetura cívica e processo de transformação histórica.
A pesquisa parte da metodologia da análise urbana, tal como
consolidada por Philippe PaneraiAnálise urbana, trad. Francisco Leitão
(Brasília: Editora UnB, 2006).
, com ênfase no estudo das geometrias espaciais
locais e no conceito de cinturas marginais.
Para o presente trabalho, serão utilizados principalmente o QGIS, um programa para Sistemas de Informação Geográfica, e o programa de desenho técnico AutoCAD, para mapear, padronizar e analisar os documentos geográficos. Para organizar as dimensões urbanísticas encontradas será utilizado o editor Microsoft Excel. A Universidade de Brasília possui a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da pesquisa, a começar pelos programas indicados acima, que estão instalados no Laboratório de Informática para Arquitetura e Urbanismo (LIAU).
Em caso de continuação da greve de servidores e docentes durante a vigência do plano de trabalho, a pesquisa prosseguirá remotamente utilizando os mesmos softwares e acessando recursos disponíveis em arquivos e repositórios online. A deficiência de acesso a bibliografia impressa nas bibliotecas da UnB não será determinante.
Bibliografia
Competências e habilidades
A aluna, mesmo estando no início do curso, demonstra grande interesse na temática de história da arquitetura e urbanismo, e tem facilidade com a expressão escrita e gráfica, bem como o domínio geral da informática. Está em processo de aquisição das competências mais específicas de programas de computador atinentes a este plano de trabalho, as quais estarão plenamente dominadas em tempo hábil para a etapa correspondente da pesquisa. Além disso, sua capacidade de expressão gráfica à mão é de grande valia para o desenvolvimento das análises espaciais.
Cronograma
Mês | Tarefa |
---|---|
01 | Revisão bibliográfica e identificação dos acervos |
02 | Levantamento de iconografia primária |
03 | Levantamento de iconografia primária |
04 | Levantamento de bases cartográficas de apoio |
05 | Redesenho e análise das características das praças |
06 | Redesenho e análise das características das praças |
07 | Análise comparativa das praças |
08 | Definição de padrões e fluxo de trabalho para modelagem |
09 | Modelagem e renderização das praças |
10 | Modelagem e renderização das praças |
11 | Redação do artigo |
12 | Revisão e formatação do artigo |